domingo, 10 de janeiro de 2010

Reitora nomeia nova diretora para o campus Cabo Frio


         No dia 04 de janeiro, foi publicada, no site oficial do Instituto Federal Fluminense, uma matéria entitulada "Reitora nomeia nova diretora para o campus Cabo Frio". Através desta, Cibele anuncia, oficialmente, a destituição do diretor César Dias e sua substituição imediata por Romilda Suinka, que até então atuava no Instituto como Pró-Reitora de Ensino. Os argumentos utilizados consistem, basicamente, em uma teórica falta de comunicação entre o campus e a Reitoria, além da quebra de confiança que teria se dado entre ela e o diretor. Alega que “para que nosso Instituto se fortaleça verdadeiramente é preciso que aprendamos a atuar de forma sistêmica, o que só é possível quando se estabelece uma relação de parceria e confiança, o que, infelizmente, não vinha acontecendo." Além disso, procura ressaltar as qualidades de Romilda: seu histórico na instituição, contribuição para a implantação do campus na Região dos Lagos e qualificação. Não conseguimos ver o motivo para tamanho alarde. Afinal, jamais pusemos em dúvida a capacidade de gerenciar de Romilda, que, inclusive, já havia atuado no campus como Gerente de Ensino antes de sua saída para assumir o cargo da Pró-Reitoria. Mas pra que martelar tanto na mesma tecla e insistir em tentar nos fazer acreditar que Romilda será, pelos tantos motivos ditos anteriormente, a melhor coisa para o campus, se no fundo o histórico do profissional nada interfere nas decisões da Reitoria? Tomemos o próprio César como exemplo: funcionário exemplar, presenciou e participou da maioria dos debates quanto à instalação de um campus do IFF em Cabo Frio, histórico impecável como gestor - havendo sido, inclusive, diretor de Campos pelos oito anos que antecederam a entrada de Cibele como diretora. E, ainda assim, "descartado" pela Reitoria.
         Cibele quer nos levar a crer que a chegada de Romilda melhorará a conflituosa relação campus-Reitoria e que essa melhora refletirá diretamente em nossas vidas acadêmicas. Que teremos o diálogo com a Reitoria facilitado, visto que é dever do(a) gestor(a) servir como mediador, papel que, de acordo com Cibele, César não estaria desempenhando dignamente. Será?
         "É importante valorizar a relação igualitária entre as unidades de uma mesma instituição, valorizando a todos e a todas, indiscriminadamente, elevando a participação dos alunos e servidores." Engraçado, não pareceu ser essa a intenção da Reitoria ao escamotear seus reais motivos para destituir o professor César e ainda realizá-lo nas férias, às vésperas da virada do ano, época em que “a participação dos alunos e servidores” se tornaria praticamente IMPOSSÍVEL. Estranho, não?!
         Em algum momento do texto, fala-se sobre confiança. No entanto, parecem esquecer que a confiança de que falam não deveria englobar apenas o limitado núcleo diretor-reitor. A confiança pela qual todos deveríamos estar batalhando, sendo essa, imprescindível, é aquela que se estabelece entre o aluno e a Instituição. E essa confiança foi, infelizmente, quebrada.
         Não acreditamos que o que Cibele queira seja comunicação. Se fosse de seu interesse estreitar as relações com o alunado, não teria agido como agiu, de forma escamoteada e covarde. Qualquer laço de confiança que poderia ter sido traçado ruiu. Qualquer vínculo que poderia ser estabelecido se tornou impossível. Ela tratou de tornar inviável o seu principal objetivo (de acordo com ela): a tal da comunicação. Ela o fez, e não César.
         Mas será comunicação o que se quer, ou uma “prestação de contas”? Para a Reitoria, pelo que parece, comunicação é sinônimo de dependência. Nosso campus apresentou um crescimento inigualável se comparado aos outros campi do Instituto que possuem o mesmo tempo de funcionamento. Estender seus tentáculos e engoli-lo é apenas uma tentativa de minar a excessiva independência adquirida.
         Estamos, ainda, analisando as leis citadas por Cibele, que norteariam suas ações quanto à troca de gestão do campus. No entanto, pesquisas recentes apontam para a existência de diversos campi de Institutos Federais que, mesmo tendo tempo de funcionamento inferior a 5 anos, já fizeram suas eleições. Sabendo-se que, legalmente, quando uma causa é ganha, abre-se precedente para as demais semelhantes, nossa luta pelo direito às eleições é, ao contrário do que alega Cibele, constitucional! Não desistiremos assim tão fácil.


Clique aqui e confira a matéria original postada no Portal IFF.


Os Mequetrefes.


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"Obriga-o a compor a mentira alheia para a usar como se fosse a própria verdade. Permeiam a nossa obediência, castigam a nossa inteligência e desalentam a nossa energia criadora. Somos opinados, mas não podemos ser opinadores. Temos direito ao eco, não à voz, e os que mandam elogiam o nosso talento de papagaios. Nós dizemos não: nós negamo-nos a aceitar esta mediocridade como destino.
Nós dizemos não ao medo. Não ao medo de dizer, ao medo de fazer, ao medo de ser. O colonialismo visível proíbe dizer, proíbe fazer, proíbe ser. O colonialismo invisível, mais eficaz, convence-nos de que não se pode dizer, não se pode fazer, não se pode ser. E neste estado de coisas, nós dizemos não à neutralidade da palavra humana. Dizemos não aos que nos convidam a lavar as mãos perante as quotidianas crucificações que ocorrem ao nosso redor. À aborrecida fascinação de uma arte fria, indiferente, contempladora do espelho, preferimos uma arte quente, que celebra a aventura humana no mundo e nela participa, uma arte irremediavelmente apaixonada e briguenta."

GALEANO, Eduardo, Nós Dizemos Não, Editora Revan, Brasil, 1990.






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